sábado, dezembro 21, 2002

Na miséria da existência que se esfarrapa, sou uma dessas mulheres em desvario, agulha de bússola sem norte para onde apontar.
Na avidez do sexo consumido em motéis baratos, no ansioso regurgitar de vontade de orquídeas (róseas frestas abertas) e cravos (espadas em fogo alto temperado), incontinente me esfrego, roço e exalo cheiros alcoviteiros, empapuço e desperto qualquer serpente que em quebranto arrasta suas boleadeiras de desejos. Redomona, desafio o desavisado que em vão se esforça, mete, geme, arfa e treme.
Nas madrugadas, revivo a maldição da aurora em cada repasse ansiando por um galope mais rápido.