quarta-feira, março 16, 2005

O melhor de mim ninguém ainda teve, eu é que me consumo. E me destruo alternando overdose e vômitos de mulher sem nexo, lembrança insistente, presença intermitente. Pareço normal mas não me agüento, me abandono. No jardim, em noites de fuga, durmo escutando melodias dos lugares onde não fui. À minha volta, sopros de canções que jamais escutei levantam redemoinhos de vida. Um vento infiltra-se entre os sinos pendurados no vão da escada e me acaricia. De olhos fechados, na distância que posso cobrir com um braço, te toco e cheiro, respiro através de tua pele, te sinto e entre a realidade e o delírio me reinvento, sem ligar para a roupa fora de moda, para o cabelo desalinhado, para os pés descalços, esquecida de quem sou e o porquê de ainda estar aqui. Nos sonhos atribulados, manifestos em arrepios e sobressaltos, busco algum sentido: haverá um começo de estrada ou só mais convites à minha perdição?