terça-feira, março 22, 2005

Por instantes, sombras pulam pela janela, reflexos somem pelos fios de telefone, despeço-me da paisagem cinzenta, penetro em teu livro e lambuzo-me de vermelho e preto. Lá fora um céu sem deuses, sem arco-íris, sem anjos. Passam aviões, voam bandos de andorinhas e eu aqui estática, horas e horas te vendo envolto num manto azul de luas e estrelas.
-Quanto tempo perdido, pensei.
-Por que não fiz isso antes, perguntei.
Ah, destino!
Do outro lado, a voz na secretária eletrônica, um bipe, silêncio e o barulho do telefone desligando. Do lado de cá, mudez, mãos suadas, tremedeira, falta de ar.