segunda-feira, outubro 31, 2005

Amanhece em Porto Alegre. A insônia queima meus olhos de fera enjaulada. Rolo entre os lençóis, percorro-me, afasto-me da música irritante do adeus não dito, do som da covardia que cala verdades que não pronuncio. O pescoço dói, a boca entreabre, a respiração acelera. Na imaginação de um orgasmo, um origami-esboço-de-anjo voa alto, rápido, rápido, e faz imagens de teu corpo escorrer da memória. A dor da ausência me surpreende com os dedos em movimento, reabro cicatrizes impossíveis de disfarçar, tropeço na noite que me tortura. Com o gosto de teu gozo na boca, encolho-me num canto da cama e estremeço ao som de velhas canções.