domingo, setembro 10, 2006

Violentando o corpo inchado, mastigo a vida, empurro-a boca a baixo. Furor empinado em saltos altos, deslizo em sulcos ondulados de dor. A solidão transborda das gavetas, o vazio amarra-me ao pé da cama, adornam-me pulseiras geladas de frio.
Confidência despudorada dos suspiros com segundas intenções, o sorriso escancarado de menina desdentada que convida é bricolagem sem virtude querendo se descobrir no sexo, buscando uma réstia de sol no intestino da madrugada.
Nos indisfarçáveis desejos de paixões de uma só noite, em braços estranhos busco o andarilho que lamberá minha loucura, o infame que me insultará arrancando-me gozo e devassidão, o navio fantasma, naco de carne rígida que preencherá meu cais desabitado.
Nas esperas angustiadas, no absurdo quebrado por sussurros, sou égua suada, entesada, cavouco segredos, degusto humores, recebo na boca espantos de perdição infinita e de plenitude de outros seres.

Farol refulgindo na tempestade, relâmpago dentro da noite escura, puta indigente, sobrevivo envolta em amores de folhetim.