sábado, maio 07, 2005

Por acaso ouves os passos da destrambelhada que ao longe caminha? Na liturgia da madrugada seus lábios vertem cachoeiras de desejos, seus olhos relampejam um indisfarçável vendaval de loucura.
Quando nela arrepios fazem surgir a vontade de não mais ser, por acaso percebes o seu distante andar?
No absurdo sem fim da solidão, ventos formam redemoinhos com a poeira de estrelas tristes e as noites são tempestades que pintam poentes em seus olhos.
Onde nunca consegues estar, é tua língua a roçar na dela que decifra os mistérios dos silêncios, obriga os relógios a executarem caminhos de volta e mergulha-a no delírio de, com palavras, fazer sonhos calcinados em amanheceres de frustrações e enganos, brilharem vestidos de luzes e cores.
Quando dedos como chuvas de estrelas riscam tua pele e espalham sinfonias que ecoam segredos em teu corpo, alguma vez escutaste os passos da destrambelhada que ao longe caminha?