É domingo. Aeroporto lotado, vôos atrasados e te encontro num Cybercafé. Nos olhos circundados de olheiras refletes a placidez da lua. Teu desejo me encosta à parede, se encaixa entre minhas coxas, faz vazar a loucura que brota de minhas entranhas e de onde não consegui te abortar. Tremendo pela fome de viver com migalhas que entremeiam tuas ausências, acompanho o desenhar nas paredes dos contornos de nossos corpos que, transformados em outros corpos, com gestos de desespero se procuram. A impossibilidade do encontro massacra e enraivece, joga por terra a visão de nossa nudez amanhecendo coberta pela suavidade de um lençol sem fim.
É domingo. A chuva cessa , os aviões pousam, atendo ao chamado para o embarque. Viajo em outros braços, bocas e mãos e neles deposito o enorme cansaço de não te ter por perto.
É domingo. A chuva cessa , os aviões pousam, atendo ao chamado para o embarque. Viajo em outros braços, bocas e mãos e neles deposito o enorme cansaço de não te ter por perto.